A história dos queijos de Santa Bárbara - Territórios Gastronômicos

A história dos queijos de Santa Bárbara



Entre Serras de Piedade ao Caraça

Este lindo e saboroso roteiro das montanhas do Território Central de Minas Gerais tem a partir de hoje este espaço no Territórios Gastronômicos sob a batuta da colega da Frente da Gastronomia Mineira e grande pesquisadora Vani Fonseca.

Vani apresentará para você, amigo da cozinha, receitas, produtos, causos e personagens que escrevem a história desta região incrustada entre as  lindas serras da Piedade e do Caraça.

Queijaria La Viella transforma a realidade de Santa Bárbara

Santa Bárbara é uma cidade histórica há 113km de Belo Horizonte, fundada em 1714. Hoje, o território onde ela está inserida é denominado “Entre Serras- da Piedade ao Caraça” e inclui as cidades de Catas Altas, Barão de Cocais e Caeté. Lá, o queijo Minas Artesanal tem uma história interessante de surgimento, adormecimento e transformação.

Tudo começou com o registro feito pelo naturalista francês, August de Saint Hílare no ano de 1816, em sua viagem à Província de Minas Gerais, quando relatou a existência de um rebanho de 700 cabeças de gado, número de animais considerado espantoso para uma época tão remota. Estes animais eram criados em Santa Bárbara, na Fazenda chamada Santa Quitéria, de propriedade de um casal vindo do arquipélago de Açores, território português, onde teve origem a técnica de produção do Queijo Minas Artesanal.

Quarenta anos após a visita de Saint Hílare em Santa Bárbara, era inaugurado na praça da Matriz, em um sólido prédio de pedras: a Casa de Câmara, espaço para funcionamento do legislativo, judiciário e executivo, e também a cadeia pública. A partir de 1980, este prédio sediava apenas a delegacia e o presídio, que foi fechado em 1999 após uma traumática rebelião onde os presos incendiaram o local. Em 2011 o local foi restaurado, mais continuou fechado por falta opção para seu uso.

Foi no ano de 2015 que as lembranças da histórica cadeia da Praça, que chocava os visitantes com a cena dos presos pendurados na janela da praça da Matriz; começou a mudar seu destino através do queijo e do registro feito por Saint- Hilaire na Fazenda Santa Quitéria.

Quando os herdeiros das antigas propriedades queijeiras do território, conheceram, através do programa Primórdios da Cozinha Mineira, o relato de Saint-Hilaire, decidiram reviver o Queijo Minas Artesanal contando com apoio do SENAC, SEBRAE, EMATER, Prefeitura de Santa Bárbara e do Santuário do Caraça. Com o aumento da produção, faltava um espaço para o comércio deste queijo que atendesse às pessoas que não podiam ir até os produtores.

Foi em 2017 que esta situação mudou: a Prefeitura de Santa Bárbara, abriu uma licitação para empresariado local ocupar o espaço através de propostas inovadoras para o Turismo local. O empresário Vinicius Pereira Dutra, viu no queijo uma possibilidade de ressignificar o emblemático local. Assim a antiga cadeia pública se tornou a “Queijaria La Violla”, um espaço de convivência onde o queijo reina absoluto, e integra produtores, empresários a população local e os turistas.

A Queijaria La Viola, manteve o formato original da antiga cadeia pública do município, com celas, paredes de pedra e portas com grades em ferro fundido, onde podem ser encontrados os melhores queijos artesanais da Região Entre Serras-da Piedade ao Caraça, um ponto de encontro e renovação, do queijo e da história local.

Fachada da Queijaria La Violla (Foto: Divulgação)

Vani Fonseca
Graduada em Ciências Econômicas, Especializada em História Econômica. Consultora Técnica de Pesquisas Gastronomia do Senac em Minas, onde e Gestora do Programa de desenvolvimento regional pela gastronomia: Primórdios da Cozinha Mineira, membro fundador da FGM.



** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Portal UAI.

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