O pé-de-moleque do Armando, um dos melhores de Minas - Territórios Gastronômicos

O pé-de-moleque do Armando, um dos melhores de Minas

Os doces feitos por Armando Ferreira se destacam pela alta qualidade, e guardam uma rica história de superação.

Por Augusto Albertini*

Quando se fala em pé-de-moleque, muitas pessoas pensam que é apenas um simples doce de amendoim com rapadura, que não possui um modo de preparo muito complexo devido ao fato de ser apenas uma sobremesa feita artesanalmente e com ingredientes rústicos e fáceis de serem adquiridos. No entanto, há histórias que não são contadas pelas receitas, tampouco possuem passo a passo.

Uma dessas histórias é a do produtor de doces do município de Betim (MG), Armando Aparecido Alves Ferreira, que desde 2015 vende delícias como o doce de leite de cortar, tradicional e com coco; cocada branca, morena e queimada, todas feitas com coco fresco. E além de tantas sobremesas, uma delas se destaca pela maneira como começou a ser produzida – o pé-de-moleque – que o próprio Armando destaca-o como carro-chefe da linha de produção.

Em 2012, Armando trabalhava como supervisor em uma usina de concreto, e passava muito tempo longe da família sob uma rotina estressante, foi quando ele decidiu mudar de profissão para algo completamente diferente. “Lembrei de um pé-de-moleque que a minha vó fazia em Sete Lagoas (MG), sou natural de lá, e aflorou essa ideia de fazer o pé-de-moleque”, conta o produtor. Ele conta que tentou criar uma receita, mas não conseguia um resultado definitivo. “Em 2015 o pessoal já estava cansado de servir de cobaia, parente comia doce, colega comia doce, e uma hora ficava duro, outra hora ficava mole, mas sempre ficava muito gostoso, aí veio a ideia de ir atrás do conhecimento”, relembra.

Mudar de área foi uma tarefa difícil, e para sobreviver neste meio, Armando teve que se dedicar bastante para fabricar o melhor pé-de-moleque que ele era capaz de fazer, e para isso ele recorreu a quem entendia do assunto. Ele foi até Piranguinho, na região sul de Minas Gerais, cidade que é conhecida como a capital nacional do pé-de-moleque, para procurar quem poderia lhe ensinar a fazer o doce, mas ninguém quis atendê-lo. Enquanto buscava aprender a receita, Armando lembrou-se de ter estudado a respeito do trabalho do produtor Edson Valério, do sítio São José, e decidiu ir até o local. Chegando lá, apenas o filho de Edson se encontrava, mas mesmo assim decidiu atender Armando. “Eu disse para ele: eu não quero concorrer com você, eu só quero vender pé-de-moleque para eu poder sustentar a minha família”, relembra Edson. “Ele na maior boa vontade, nos atendeu.”, concluiu.

Ao voltar para casa, Armando não conseguiu o resultado esperado logo nas primeiras tentativas, ele continuou pedindo conselhos para o Edson por telefone, e a medida em que a receita ia sendo aperfeiçoada, ele conseguia dicas com outras pessoas envolvidas com gastronomia. O produto final foi um pé-de-moleque diferente do de Piranguinho, mas que possui tanta qualidade quanto o do doce feito no sul de Minas Gerais. Hoje ele é profissional, e possui a própria marca, a Serra Negra Doces, que possui este nome em homenagem a região aonde ele vive, dentro do município de Betim.


Armando Ferreira e sua esposa Heloísa Helena Ferreira são responsáveis pela Serra Negra Doces (Foto: Augusto Albertini)

Armando garante que o pé-de-moleque faz bastante sucesso entre aqueles que experimentam. Embora ainda não possua uma loja física, a Serra Negra Doces é presença garantida na Feira Fresca, que ocorre uma vez por mês, alternando a localidade entre o bairro Vila da Serra, em Nova lima, e o bairro Buritis. Para quem não pode ir esses locais, ele sempre consegue uma boa maneira de entregar para todos aqueles que entram em contato. Dessa forma, o doce do Armando conquista cada vez mais paladares devido aos seus ingredientes principais – amor e dedicação.

Contato Serra Negra Doces

Whatsapp: (31) 98305-9097
Telefone: (31) 3594-0189
Instagram: @serranegra_doces
Endereço Rua São José dos Campos, nº65 – Betim (MG)

(Foto: Eduardo Avelar)

*Augusto Albertini
Jornalista e colaborador do Territórios Gastronômicos

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Portal UAI.

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