Chefs fazem confraternização e distribuem comida na rua

O evento “Sopa de Pedra” usa a gastronomia para promover uma nova maneira de olhar para a capital mineira.

Por Augusto Albertini

Quando se fala em distribuir comida em praça pública, muitas pessoas podem pensar em assistencialismo ou qualquer outro tipo de caridade, mas em Belo Horizonte, um grupo de chefs está resinificando este valor. A quinta edição do Sopa de Pedra ocorreu na noite desta quarta-feira (18), na Rua da Bahia, próximo ao hipercentro da capital. O evento é idealizado pelos chefs Américo Piacenza, Jordane Macedo e Juliana Sucato, e tem como objetivo promover ocupação dos locais públicos por meio da confraternização de pessoas de diversas faixas etárias e grupos sociais. Nesta edição, além da tradicional refeição que é sempre servida no evento, também teve muita música e outras iniciativas artísticas que transformaram o encontro em uma verdadeira festa.

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O evento destacou ainda mais as características da vida noturna do local, onde há presença de muitas pessoas que estão voltando do trabalho para casa, ou que estão aproveitando o período de lazer, e até mesmo moradores de rua. “A gente quer juntar as pessoas, através de um movimento que não é comercial, em que as elas não precisam pagar para entrar. A gente quer fazer uma cena aberta, onde cada um leva o que quiser, onde todo mundo cozinha e participa.” Disse o Chef Américo Piacenza.

Sopa de Pedra movimentou ainda mais a agitada Rua da Bahia (Foto: Augusto Albertini)

Para fazer a receita que foi servida ao público, os chefs tiveram apoio de uma equipe de cinco estudantes de gastronomia do centro universitário UNA. Juntos eles prepararam uma grande quantidade de massa do tipo penne, acompanhada com bacon, linguiça e cebola, com erva doce, maria-gondó e queijo. A ideia do prato foi mesclar a comida mineira e italiana, esta segunda é uma das especialidades do Chef Américo.

Todos ingredientes e utensílios utilizados no evento, são adquiridos através da iniciativa dos chefs idealizadores e daqueles que desejarem colaborar.”Alguns amigos contribuem com o que podem e o que querem. Hoje mesmo nós recebemos a linguiça e o bacon e os utensílios descartáveis de um amigo.” Conta o Chef Jordane.

A receita foi preparada em uma grande panela que chamava atenção de todos que estiveram no local. Ao todo foram servidas aproximadamente 200 refeições, e o resultado final foi bastante elogiado por parte do público. De acordo com Pedro Luiz Santos Furtado, a cidade precisa de mais iniciativas como esta. “Cria um ambiente de lazer para quem não tem condições, e até para aqueles que estão passando pela rua e tiveram um dia difícil. Suaviza o nosso dia!” opinou. Com relação ao sabor da receita ele vai direto ao ponto “Nota dez! Pode fazer mais vezes!”, afirmou em um tom bem humorado.

Américo, Juliana e Jordane prepararam em média 200 porções de massa (Foto: Gustavo Ballesteros)

O nome “Sopa de Pedra”

O nome do evento é uma referência à história de um vigário que costumava a pedir comida. Ele passava na porta das casas pedindo uma panela emprestada enquanto carregava uma pedra em suas mãos. Ele dizia que faria uma sopa com a rocha, e isto sempre despertava a curiosidade das outras pessoas, que imaginavam uma forma de melhorar o caldo que aquele homem se propunha a fazer. Elas traziam ingredientes para conferir sabor à receita, e no final o pedinte conseguia saciar a fome.

(Foto de capa: Gustavo Ballesteros)

Augusto Albertini
Jornalista e colaborador do Territórios Gastronômicos

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Portal UAI.

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