AS QUEIJADINHAS DE PARACATU – Obras de Arte com Texturas e Sabores Inigualáveis

Paracatu e suas Mestras Quitandeiras preservam tradições históricas

Paracatu e suas Mestras Quitandeiras preservam tradições históricas

Por Eduardo Avelar

Quitandas, um capítulo à parte na gastronomia brasileira

Quem resiste a uma quitanda quentinha saída do forno acompanhada de um cafezinho fumegante?

Pois é amigo, uma pergunta de resposta fácil, né? Algumas dessas quitandas espalhadas pelo interior do Brasil, moldadas e temperadas por mãos mágicas de mestras e mestres dos sabores se tornam realmente irresistíveis, especialmente assim que saem do calor das fornalhas à lenha.

Em Minas Gerais, este é um capítulo à parte, pois as quitandas são os principais ícones das Identidades Gastronômicas históricas regionais.

As Queijadinhas, uma quitanda preparada geralmente à base de farinha, açúcar coco, ovos, manteiga e fermento, tem diversas versões espalhadas pelos diferentes Territórios Gastronômicos do país.

De Onde vieram as queijadinhas?

Quitandas de origem portuguesa, essas queijadinhas chegaram ao Brasil, e adentraram especialmente às Minas Gerais pelos caminhos do garimpo, se consolidando ao longo da história como referencias nas vilas do ouro, ou cidades mineiradoras.

Viajando por todo o estado e degustando as mais diversas versões, encontrei na oitava Vila de Paracatu do Príncipe, hoje Paracatu, localizada no noroeste do estado de Minas, uma das versões mais saborosas e interessantes.

Tenho pesquisado sobre as origens de algumas quitandas, especialmente em Paracatu-MG, juntamente com as mestras locais, além das histórias sobre a chegada dessas receitas e a sua preservação ao longo dos anos como mandam as tradições, a despeito das adaptações inerentes à oferta de produtos e insumos à época da colonização, dentre outras curiosidades.

Das famosas queijadinhas de Sintra às dezenas de versões brasileiras

As Queijadinhas que são produzidas no Brasil, tem referencias centenárias de sua produção em Portugal, especialmente em Sintra onde tem grande fama, inclusive reverenciada em capítulos diversos nos livros de alguns autores antigos e famosos da literatura portuguesa.

Muitas tem receitas simples de preparo em minutos onde apenas ovos, farinha, açúcar coco , manteiga ou banha e fermento compões a massa que é colocada em forminhas e assadas.

Em outras versões, já aparecem temperadas de Brasil, mais contemporâneas, algumas com leite condensado, outras com capas de massa diferente como de empadinhas, com os recheios internos com texturas e sabores diferentes, e se pesquisar um pouco mais, você encontrará mais de duas dezenas de receitas desta quitanda do interior, que se popularizou nas padarias dos grandes centros e capitais país.

Conheça a receita de queijadinha na versão de Guaxupé MG – Sabores de Minas

Paracatu e a sua versão Sabor com Arte

Mas apesar de tanta tradição, as queijadinhas de Paracatu são ainda uma incógnita, quando se pesquisa suas origens e a história desta grande transformação, que fez dela uma verdadeira obra de arte, com sabores e texturas indescritíveis.

Arte e sabor- Queijadinhas de Paracatu ( Foto Arquivo TG)

Uma dessas “novidades” é a utilização da “Raspa”ou mandioca ralada e seca na composição do recheio substituindo o coco. Existem versões com os dois ingredientes o que dá mais sabor ainda.

Raspa ou mandioca ralada e seca ou pilada como farinha (Foto: Arquivo TG)

Incógnitas à parte, o fato é que, as “Mestras” quitandeiras, artesãs, ou por que não chamá-las de “bordadeiras” de Paracatu , “pinicam” com maestria a massa e recheiam com sabores e texturas únicos, que só mesmo degustando para conferir essas delicadas e inebriantes obras de arte doces e macias.

Mestra Jeanete é uma das artistas de Paracatu que preservam esta tradição das queijadinhas pinicadas ( Foto arquivo TG )

Se você ficou com água na boca, tem duas opções: A primeira é visitar a cidade histórica de Paracatu, conhecida como o “Paraíso das Quitandas”, que fica a 500 km de Belo Horizonte e a 220 Km de Brasília. A segunda é se arriscar no preparo desta famosa quitanda. Aguarde receita em breve!!

Saudações Gastronômicas!

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Portal UAI.

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