Chef Flávio Trombino desvenda Minas de Cabo a Rabo

O chef Flávio Trombino é idealizador do projeto Minas de Cabo a Rabo. A viagem mais recente que fez foi ao Vale do Jequitinhonha, em Minas Gerais, onde conheceu mais do que a riqueza do artesanato local. Praticou o turismo vivencial, se hospedou na casa de uma moradora da comunidade e viu de perto a cultura e a relação do povo com a culinária.

O chef Flávio Trombino é idealizador do projeto Minas de Cabo a Rabo. A viagem mais recente que fez foi ao Vale do Jequitinhonha, em Minas Gerais, onde conheceu mais do que a riqueza do artesanato local. Praticou o turismo vivencial, se hospedou na casa de uma moradora da comunidade e viu de perto a cultura e a relação do povo com a culinária.

Por Isabel de Andrade*

O chef Flávio Trombino, do restaurante Xapuri, em Belo Horizonte, voltou encantado da viagem mais recente que fez para o Vale do Jequitinhonha, no sertão de Minas Gerais. Ele passou três dias na região em uma experiência de turismo vivencial que deixou boas lembranças. A comunidade é famosa pela fabricação de bonecas em cerâmica, que já foram expostas em várias partes do mundo. Mas, foi outra riqueza que chamou ainda mais a atenção do chef.

Artesanato local: as bonecas feitas em cerâmica são uma tradição no Vale do Jequitinhonha
( Foto: Flávio Trombino)

Flávio foi recebido por uma moradora da comunidade e ficou hospedado na casa dela, que foi transformada em um receptivo turístico. A hospedagem é all inclusive com café da manhã, almoço e jantar incluídos. O chef conta que foram servidos quitutes, biscoitos assados no forno a lenha, frango caipira, verduras colhidas na horta e sucos de frutas típicas do cerrado. “Eu nunca vi nada igual”, diz.

Turismo vivencial: casas dos moradores se transformam em receptivos turísticos ( Foto: Flávio Trombino)
Foto: Flávio Trombino
Foto: Flávio Trombino

O chef foi servido e também serviu em Minas Novas e Turmalina. Ele visitou uma comunidade quilombola, onde prevalece a tradição do congado e há um grupo folclórico que se apresenta em vários eventos. Lá, preparou um almoço para 70 pessoas na sede da associação das artesãs da região. No cardápio, massa com molho de pequi, que é um fruto típico da localidade.

Pequi foi ingrediente do almoço preparado pelo chef Flávio Trombino ( Foto: Flávio Trombino)

No dia seguinte, foi preparado um jantar na praça, debaixo de uma gameleira, uma árvore característica do cerrado. O chef conta que cozinhou arroz de porco com linguiça, bacon e pernil. No arroz, foram usadas cúrcuma e cenoura, que deu um tom amarelado para o prato. “Eu quis fazer um arroz que remetesse às cores do artesanato em cerâmica feito na região”, explica.

Jantar preparado pelo chef Flávio Trombino teve as cores que remetem ao artesanato do Vale do Jequitinhonha ( Foto: Flávio Trombino)

Cerca de 200 pessoas compareceram ao jantar. A festança ficou ainda mais completa com a presença de um grupo de jovens que tocaram violão. E as artesãs fizeram uma roda com uma dança típica. O costume surgiu no passado quando as moças não podiam namorar e a roda de ciranda era uma forma que encontravam para ter contato físico com os pretendentes. “A comida conecta as pessoas. Foi muito rico, interessante”, lembra Flávio Trombino.

Minas de Cabo a Rabo

A viagem ao Vale do Jequitinhonha fez parte do projeto Minas de Cabo a Rabo, criado pelo chef. Ele percorre várias localidades do estado para conhecer melhor a cultura alimentar de cada uma. Flávio sentiu a necessidade de se aprofundar nos costumes para agregar esse conhecimento ao restaurante Xapuri. “Tenho a responsabilidade de criar cardápio e vi que precisava pegar estrada também para aplicar esse conhecimento no restaurante”, explica.

Quitandas que fazem parte da culinária local no Vale do Jequitinhonha ( Foto: Flávio Trombino)

Flávio explica que o desejo de fazer uma imersão em diferentes culturas foi despertado pelo trabalho do chef Eduardo Avelar que deu origem ao projeto Territórios Gastronômicos. Durante mais de duas décadas, Avelar percorre as diferentes regiões mineiras para conhecer os produtos típicos, a cultura alimentar e o jeito como cada comunidade se relaciona com os alimentos. “A minha grande inspiração foi o trabalho do Avelar e do Edson Puiati. Foram eles que plantaram essa semente e inspiraram muitos outros. Agora, é chique falar de terroir, mas eles começaram há 20 anos, quando ainda não tinha esse glamour”, explica.

Com o projeto Minas de Cabo a Rabo, Flávio Trombino já desvendou várias regiões do estado, do país e até do exterior. Visitou a Serra da Mantiqueira, em Minas; participou da expedição ao Xingu e viu de perto a influência indígena na alimentação do brasileiro; esteve em Portugal no Festival Fartura Lisboa, de onde vem outra grande influência da nossa culinária. Cada vez que volta de uma dessas incursões, nasce um novo Flávio Trombino. “As trocas fazem com que entendamos muito mais sobre a nossa cultura e cada vez que eu volto dos lugares que conheço, ganho um olhar diferente”, finaliza o chef.

Serviço

Para conhecer mais sobre o projeto Minas de Cabo a Rabo, acesse o Instagram: @minasdecaboarabo

Instagram: @flavioxapuri e @xapurirestaurante

Site: restaurantexapuri.com.br

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Portal UAI.

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