Comida, história e afeto: angu com taioba e... - Territórios Gastronômicos

Comida, história e afeto: angu com taioba e…

A imagem e a sua imaginação dizem tudo. Vamos refletir e experimentar!

A imagem e a sua imaginação dizem tudo. Vamos refletir e experimentar!

Por Eduardo Avelar

Olá amigos da cozinha!

Um ano novo repleto de saúde e muitas alegrias para todos e, se Deus quiser, em breve ao lado de todas as pessoas amadas, dos familiares, amigos e especialmente, compartilhando a boa mesa.

Esses são os votos da equipe do Territórios Gastronômicos a cada um dos nossos mais de 15 milhões de visitantes que desfrutam conosco da paixão pelas cozinhas, pelos sabores e saberes ofertados e compartilhados pelos melhores artistas dos fornos e fogões espalhados por toda parte deste lindo país, especialmente de nossa Minas Gerais.

Hoje apresentamos a vocês, o que há de mais emblemático nas cozinhas de Minas Gerais. Uma receita escolhida entre milhares que representam nossos sabores mais autênticos que temperaram as histórias deste povo generoso e hospitaleiro ao longo dos 300 anos do estado, comemorados no início de dezembro de 2019.

Essa receita singela, além de representar uma combinação frugal de sabor e textura, afeto e hospitalidade, foi a marca registrada no acolhimento aos viajantes que, ao longo da história, aqui chegaram em busca de riquezas.

Dentre as riquezas minerais, levaram também em seu embornal e espalharam pelo mundo, a imagem desse acolhimento generoso e caloroso recebido nas casas das famílias mineiras, exaltando a culinária, a hospitalidade e outros tantos atributos de nossa gente.

Angu – mole ou duro, com ou sem sal, quente ou frio, não importa, acompanhado de um guisadinho de verduras da horta, que pode ser apreciado assim mesmo, ou quem sabe, com arroz e feijão, talvez um queijinho mineiro somente, um molho de pimenta, ou até uma carne de sua preferência, mas ela será apenas mais uma coadjuvante nesta mistura que tem a cara da cozinha mineira.

Esperamos que esta simplicidade seja uma referência para nossas vidas neste momento de renascimento e de compreensão daquilo que realmente importa para cada um de nós.

Que todos nós passemos a encarar as coisas mais simples e afetuosas como o grande ensinamento que Deus nos proporcionou, mas que sob a sombra de uma infortunada “vida moderna”, deixamos de lado, sem percebermos sua real importância.

Tenhamos todos um breve resgate do tempero que a mesa representa para os nossos relacionamentos interpessoais e para nossa felicidade!

Saudações Gastronômicas! Feliz vida nova!

Angu com taioba

Ingredientes:

– 4 folhas (médias) de taioba

– 1 concha de óleo

– 1 dente (grande) de alho amassado com uma colher (café) de sal

– 1 litro de água fria

– 1 cuia (ou um prato fundo) de fubá

– 1/2 colher (sopa) de sal

Modo de Preparo:

A taioba

Lavar bem as folhas e rasgá-las, começando pelas laterais – o melhor jeito é segurar o talo com a mão esquerda e puxar pedaços pequenos com o polegar direito. Desprezar o talo. Colocar os pedaços num recipiente com água e, no momento de refogá-los, pegar os montes ainda pingando água, para não ressecar. Refogar assim que o alho estiver dourado na panela. Mexer com o garfo para não grudar.

O angu

Misturar a água com sal e levar ao fogo. Quando esquentar, adicionar metade do fubá – e quando ferver, acrescentar a outra metade de fubá, para o angu dar bastante liga.

Mexer o tempo todo, com colher de pau, para não empelotar.

Quando estiver no ponto de mingau, tampar a panela e deixar no fogo (baixo) durante meia hora, para suar e ficar molhado.

A consistência final é um angu mais mole.

Na hora de servir, colocar a taioba sobre o angu.

*Receita fornecida por Maria Juçara Rubio Nogueira, de Caparaó para o Projeto Sabores de Minas

Mestra do paladar

De novo na estrada, rumo ao município de Caparaó, a 351 quilômetros de Belo Horizonte. A noite vai chegando e o estômago já pede algo mais suculento, que prepare o corpo para uma boa noite de sono e descanso. Aceitando o convite, os viajantes jantam na casa de dona Juçara Rubio Nogueira, casada, mãe de quatro filhos, que sabe tudo de culinária e tem uma horta bem perto da cozinha. Em poucos minutos, ela corre ao canteiro e volta carregada de taiobas, complemento ideal para o angu feito na panela de pedra.

Craque na função, ela rasga a verdura com maestria, segurando o talo com mão esquerda e enfiando o polegar direito nas folhas tenras. Depois, mergulha os pedaços na água e os retira, ainda pingando, para refogá-los. “Assim não resseca”, explica. Outro pulo-do-gato está no uso de um garfo para mexer a panela e impedir que a taioba grude. Diante de cada movimento, os viajantes se sentem numa deliciosa aula de gastronomia com muita prática.

Mas o melhor ainda está por vir. À mesa do jantar, o angu de fubá da roça tem consistência cremosa, molhadinho. “Muita gente não põe sal no angu, mas eu gosto”, comenta, com convicção. Tudo pronto, a combinação de cores mais parece a bandeira nacional, um vivo contraste de verde e amarelo. Esperto mesmo foi quem disse que “comida boa é comida bem-feita”. Está aí dona Juçara, que não trai a sabedoria popular e mostra a genuína comida mineira.

Mapa dos Territórios Gastronômicos de Minas Gerais: O município de Caparaó está localizado no Território Mantiqueira/Montanhas do Leste

EA/TG – MANTIQUEIRA/MONTANHAS DO LESTE

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Portal UAI.

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