Peixe de sol com abóbora: saborosa identidade cultural do rio São Francisco - Territórios Gastronômicos

Peixe de sol com abóbora: saborosa identidade cultural do rio São Francisco

Uma herança cultural dos índios Cariris, que habitaram as margens do Rio São Francisco em Minas Gerais. Experimente este rico prato com os sabores do sertão mineiro.

Uma herança cultural dos índios Cariris, que habitaram as margens do Rio São Francisco em Minas Gerais. Experimente este rico prato com os sabores do sertão mineiro.

Veja Também: Temperos com cheiro verde: cores e sabores da identidade gastronômica do sertão mineiro

Peixe-de-sol com abóbora

Da Série: Receitas históricas de Minas Gerais*

Ingredientes:

– 1abóbora-moranga grande e madura inteira (onde será colocado o peixe), mais três fatias inteiras (para fazer o ensopado)

– 2kg de curimatã “de sol”, ou outro peixe salgado (peixe seco, parecido com bacalhau, encontrado em mercados municipais ou no comércio especializado)

– 1cabeça de alho

– 3 cebolas cortadas em rodelas

– 1colher (sopa) de colorau

– 250ml de leite de coco

– 1molho de cebolinha e 1 de coentro ou salsa,picados

– 4 tomates maduros picados

– 1pimentão verde picado

– 1 litro de água

– 1pitada de sal

– Azeitea gosto

– Pimenta-do-reino a gosto

Preparo:

Cortar o peixe em postas no tamanho desejado.

Deixá-las de molho em uma vasilha com água morna, suficiente para cobrir, por uma hora.

Repetir esse processo por duas vezes, trocando de água.

Provar o peixe e, se estiver muito salgado, deixar de molho por mais tempo.

Em uma panela, refogar no azeite a cebola, o alho, a pimenta e o corante em fogo baixo.

Pôr as postas e, aos poucos, acrescentar toda a água.

Por cima do peixe, despejar a cebola, o pimentão, o tomate e as fatias de abóbora que foram cortadas separadamente.

Tapar a panela e deixar cozinhar, sem mexer, por 30 minutos.

Retirar do fogo, pôr o leite de coco, salpicar cebolinha e coentro ou salsa e regar com azeite.

Tirar uma tampa na moranga inteira e limpá-la por dentro.

Cozinhá-la em um caldeirão com água suficiente para cobrir e uma pitada de sal até ficar al dente.

Retirar a moranga, deixar escorrer e recheá-la com o peixe.

Veja outra versão desta jóia cultural do Velho Chico: Peixe salgado com abóbora

*Receita fornecida por Norma Leopoldina de Almeida, de Matias Cardoso para o Projeto Sabores de Minas

(foto: Marcos Michelin)
(foto: Marcos Michelin)

Rica combinação

Abóbora no café, no almoço e no jantar. Se todo dia o cardápio fosse esse, para Norma Leopoldina de Almeida tudo estaria às mil maravilhas. À frente da Cantina da Norma, em Matias Cardoso, a cozinheira não deixa que o produto falte em seu restaurante ou em casa e garante não ter coisa melhor do que começar o dia comendo um pedaço de moranga com leite e açúcar ou “peixe no lugar do pão”, paixão da mineira de sotaque baiano, que diz ter herdado esse gosto do pai, que é pescador.

A receita de Norma não poderia ser outra. O peixe-de-sol com abóbora é costume antigo na região, por causa da abundância dos dois ingredientes principais.

“Adaptei, pondo o peixe dentro da abóbora, para ficar mais chique”, conta. Quase tudo o que sabe de cozinha, ela aprendeu com pescadores que alugavam as casas da família, às margens do São Francisco. Com o pai, aprendeu como se faz o peixe-de-sol, técnica usada para conservar o alimento na época em que não havia geladeira. “Você abre o peixe, limpa e retalha. Depois, é só espalhar sal e deixá-lo pendurado na sombra por dois dias”, ensina.

Esse tipo de produto, segundo ela, está em falta na região, assim como muitos outros. “Quando chega peixe, a gente tem que ficar de olho, porque o pessoal prefere vendê-lo para fora”, reclama.

Contudo, enquanto o Velho Chico produzir peixes e a terra, morangas, a tradição está a salvo. Para o prazer do paladar.

Mapa dos Territórios Gastronômicos de Minas Gerais: O município de Matias Cardoso está localizado no Território Cerrado/Sertão Veredas

EA/TG – CERRADO/SERTÃO VEREDAS

Saiba mais sobre os Territórios Gastronômicos de Minas Gerais

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** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Portal UAI.

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