Gastronomia com poesia: aprenda a preparar em versos a receita de goiabada - Territórios Gastronômicos

Gastronomia com poesia: aprenda a preparar em versos a receita de goiabada

Aprenda 2 receitas preparadas com goiaba e muita poesia, com o chef Antônio Basile

Aprenda 2 receitas preparadas com goiaba e muita poesia, com o chef Antônio Basile

GOIABANDO BOAS IDÉIAS

Por: Antônio Basile*

Goiabada no tacho de cobre

Goiaba do pé desbanca a da banca;

Catar da goiabeira é correr de marimbondo

Se for doce, deixar esfriar. Quente dá dor de barriga! Diz a mãe.

Se roubado na espreita, quente, sobre a chama da lenha, logo esbraveja a dona nervosa do doce

O cobre do tacho garante o cascão e o lustro, mas tem que saber. Isso é coisa de quem sabe.

Goiaba do pé desbanca a da banca;

Da família mirtácea faz parente no cravo e canela;

Um pouco mais longe, mas também, da pimenta da Jamaica e da noz moscada.

Prefere o tropical das Américas, mas nas frias serras mineiras daqui e quintais também tem, e de monte.

Nas beiras das estradas empoeiradas, carregadas de frutas, o coró se refastela, o sabiá manda para o papo e o faminto goiabão, desatento, entra atrasado na disputa.

Em Minas é doce de tacho de cobre, cascão, de corte ou de colher, não importa. É coisa nossa.

O casal enamorado famoso ganhou a mineirice do queijo e goiabada, juntos, ajeitados.

Morder a goiaba é fazer negócio pelas mãos ciganas, diz a gíria.

Sob mãos certas, da mistura de polpa e açúcar, no tacho sob a lenha, vira doce.

Conheço gente que não gosta de goiaba. Pasmem!

Suco de goiaba de caixa tem goiaba também. Se diz suco misto, mas é tudo junto e misturado mesmo.

Goiaba não dá só doce, a fruta é boa de comer na mordida, feito criança gulosa e tem gosto bom.

Chá dos brotos, quem não conhece, cura desarranjo fácil, fácil, e fora farmácia.

Adivinhem quem é o maior produtor de goiabas vermelhas. É Brasil nessa fita

Diz que dá um bom molho, como o de tomates, sem acidez. Preciso provar isso.

Goiabada

Goiabada em verso? Primeiro pegue a panela. Aquela, a mais pesada, e tombe a fruta preparada.

Tire semente e basta porque vai ser cascão. Não quer? Tire a casca.

Não vai açúcar? Vai, sim, na mesma quantidade. Pode menos, pode, sim, mas não menos que a metade.

O fogo é brando, o tempo é o que precisar para cozer e apurar. Paciência no cozer.

Ficou pronto? Apurado, acomode na compoteira se for de colher. Muito apurado, vai no tabuleiro.

Se não tiver um bom queijo da nossa terra, nem comece o refastelo.

Sorvete

Sorvete dá fazer bem fácil e até criança faz.

Goiabas serão quatro, sem semente fica melhor, sem casca.

Uma lata de leite condensado, uma lata de creme de leite. Tudo industrial para facilitar.

Processe tudo bem processado. Congele por umas duas horas, bata na batedeira.

Congele por mais uma hora, bata na batedeira e assim faça por quatro vezes. Pode ser mais.

Quanto mais bater, mais cremoso. Para se servir, retire do congelador meia hora antes e espere.

E espere mesmo, aguente a vontade de comer, mas depois pode deleitar de se lambuzar com o cremoso bem Brasil.

Goiabada casa o casadinho, entope o beliscão e se enrola no bolo recifense.

No pão de ló vira rocambole, no meio do pão francês foi merenda na minha lancheira.

Antigamente era CICA, na lata, acomodada num prato raso, era goiabada do elefante.

Basta de estórias e receita! Agora é com você, leitor, vá goiabar gostoso.

*Antônio Basile é chef de cozinha e colaborador do Territórios Gastronômicos do município de Gonçalves e região no Território Mantiqueira/Sul Suíça

Chef Antônio Basile- Gonçalves-MG

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Portal UAI.

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Antonio Carlos de Oliveira

Boa tarde! Poderia obter o contato do Chef Basile ? Sou um velho amigo.