Doces gigantes recebem homenagem - Territórios Gastronômicos

Doces gigantes recebem homenagem

Doce da Roça é homenageada pela Frente da Gastronomia Mineira e produtor Gláucio Peron segue na luta para que doçaria mineira artesanal não perca a sua identidade.

Doces gigantes

Doce da Roça é homenageada pela Frente da Gastronomia Mineira e produtor Gláucio Peron segue na luta para que doçaria mineira artesanal não perca a sua identidade.

Por Isabel de Andrade*

Tão grande quanto os doces que produz é também a motivação do produtor rural Gláucio Peron para tornar a doçaria uma marca da gastronomia de Minas Gerais. Ele é o herdeiro de uma tradição que começou no século passado com os avós em Ubá, na região da Zona da Mata mineira.

Em 2008, Gláucio decidiu retomar o negócio que tornou a família tão conhecida e criou a Doce da Roça. Mas, trouxe um grande diferencial. Começou a produzir doces gigantes em barra, do tamanho de uma roda de caminhão.

Deu tão certo que os doces atraem a atenção dos clientes pelo tamanho e pela qualidade. Em 2015, uma peça de 550 quilos foi parar no Guinness Book. E em 2017, a façanha foi repetida com um doce de 633 quilos que também ganhou o seu lugar no Livro dos Recordes.

Doces gigantes
Doces gigantes conquistaram espaço no Guinness Book ( Foto: divulgação)

O doce de abóbora com lascas de coco é o carro-chefe da Doce da Roça. E o cardápio é incrementado por outros sabores como goiabada cascão, doce de leite, doce de nata com calda de café, cocada cremosa, pingo de leite com amendoim.

Os tradicionais doces gigantes dividem os holofotes com outras opções mais minimalistas. Entre elas, os “filhotinhos”, versões em 180 gramas. Há também os potes com doces cremosos.

Toda a produção é feita na propriedade rural da família em Poços de Caldas, no Sul de Minas. A loja se tornou um dos atrativos para os turistas que visitam a cidade e é ponto de parada obrigatória.

Homenagem da Frente da Gastronomia Mineira

A notoriedade da Doce da Roça é tão grande que ela foi homenageada pela Frente da Gastronomia Mineira durante a reunião deste mês de abril. O coordenador da Frente, chef Edson Puiati, explica que essa ação busca reconhecer pessoas e instituições que têm história e relevância para a gastronomia de Minas Gerais. “Essa homenagem me deixa muito feliz. E, apesar de todas as dificuldades que o produtor passa, nos anima a continuar defendendo a nossa tradição”, diz Gláucio.

Gláucio Peron, da Doce da Roça, recebe homenagem da Frente da Gastronomia Mineira ( Foto: divulgação)

As premiações de 2022 são sugeridas pelas pessoas e pela própria secretaria executiva da Frente da Gastronomia Mineira junto com às regionais Norte, em Montes Claros, e Sul, com o Circuito Caminhos Gerais. A indicação da Doce da Roça foi da regional Sul. “É uma história bonita e, hoje, o Gláucio está encabeçando um grupo de doceiros para criar um movimento em prol dos produtores de doce que busca reconhecer o doce tanto quanto a cozinha salgada mineira e nossas quitandas”, diz Puiati.

Luta para manter a tradição

A Secretaria de Estado de Cultura e Turismo instituiu 2022 como o Ano da Mineiridade. Pegando carona nessa celebração, Gláucio se uniu a um grupo de produtores que luta para manter uma das maiores tradições da doçaria mineira: a adequação das regras que impedem a utilização do tacho de cobre e outros utensílios na produção dos doces artesanais.

O grupo de produtores de doces criou uma associação em 2019 para se mobilizar junto ao poder público e questionar a legislação da Vigilância Sanitária que impõe uma série de normas. Entre elas, a proibição da utilização do tacho de cobre, da colher de pau e da peneira de taquara na fabricação dos doces, além da utilização da folha de bananeira como embalagem e da forma de madeira para rapadura. A intenção dos produtores de doces artesanais é mostrar que o saber ancestral da cozinha mineira faz parte da herança cultural gastronômica de Minas Gerais e interfere no produto final. O objetivo é que a legislação seja revista e adequada. “Imagina a gente ser mineiro e não poder fazer um doce no tacho de cobre? Seria uma heresia. A gente quer lutar contra isso”, finaliza.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Portal UAI.

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