Circuito Gastronômico da Pampulha – Parte I

Por Eduardo Avelar

O Circuito Gastronômico da Pampulha é um evento realizado por donos de restaurantes e chefs de cozinha. Seus principais objetivos são divulgar e promover a gastronomia desta região, tombada como Patrimônio Cultural da Humanidade reconhecida pela UNESCO, e um dos principais cartões postais de BH e do Brasil.

Pratos e receitas especiais são oferecidos ao público todos os anos e um grande trabalho de divulgação é feito pelos participantes, cujos resultados a cada edição têm superado as metas, além de refletir na sensível melhoria dos serviços prestados à população de BH e aos turistas de todo canto que se dirigem, a cada vez em maior número, para a nossa linda Pampulha.

Nos últimos anos, o evento tem buscado inspiração nos produtos e ingredientes mais emblemáticos de Minas Gerais por sua importância e destaque no contexto da gastronomia nacional e internacional. Os restaurantes e chefs têm pesquisado cada vez mais as referências nos Territórios mineiros e suas principais Identidades Gastronômicas.

No ano passado, chefs e outros profissionais percorreram, numa expedição de experimentação, o Território Gastronômico do Cerrado, seguindo a rota dos caminhos de Guimarães Rosa, e se inspirando nas riquezas deste vasto e diverso terroir de Minas Gerais.

Expedição pelo Território Gastronômico da Mantiqueira

Os encantos do amanhecer na Mantiqueira sob o olhar do fotógrafo Nereu Jr.

A Expedição – Parte I

A convite dos organizadores do Festival Circuito Gastronômico da Pampulha, que este ano completa 10 anos e envolve os restaurantes da região, desenvolvemos, juntamente com alguns chefs de BH, um roteiro de experiências por várias cidades deste Território Gastronômico Mantiqueira, com o objetivo de inspirar os cozinheiros dos restaurantes participantes do evento na criação de seus pratos, apresentando-lhes produtos e ingredientes que definem as Identidades Gastronômicas regionais.

Participaram da caravana profissionais de várias atividades ligadas à gastronomia, como jornalistas especializados, blogueiros, chefs, consultores, empresários, profissionais de comunicação e representantes de entidades parceiras do evento, como Sebrae-MG e Belotur, que completaram o grupo.

Dentre eles, o consultor técnico do Circuito Gastronômico da Pampulha, chef e coordenador de gastronomia da UNA Edson Puiati, os empresários e chefs Flávio Trombino do Restaurante Xapuri, Marcelo do Restaurante Paladino (também organizadores e mentores do evento).

Além desses profissionais, uma equipe de filmagem acompanhou todos os detalhes desta maratona, registrando tudo com grande qualidade de imagens e áudios. Em breve, serão divulgados aqui no Territórios Gastronômicos para vocês que nos acompanham.

A equipe de TV da Emater-MG também colheu imagens e registrou entrevistas e receitas para os programas do Minas Rural, que serão exibidos na TV Minas e TV Horizonte.

Participantes da Expedição no Parque das Águas de Caxambu (Foto: Nereu Jr)

A Expedição contou ainda com o apoio local de extensionistas e técnicos da Emater-MG, em alguns dos municípios visitados, e das prefeituras de Caxambu, São Lourenço, Delfim Moreira, Itajubá e Itamonte, através de seus secretários de Turismo, Cultura e Agricultura, que receberam o grupo em seus municípios.

Foram 3 dias intensos, repletos de experiências sensoriais, muita emoção com histórias e casos de superação e de empreendedorismo dos principais personagens que escrevem a história gastronômica de sucesso de Minas e do Brasil, nesta região fria que esconde, entre seus lindos vales e montanhas, uma diversidade imensa de tesouros de nossa agricultura e agroindústria familiares.
A partir de hoje, iniciamos uma série de matérias do Circuito Gastronômico da Pampulha, descrevendo cada momento e mostrando os principais garimpos e as experiências vividas pelo grupo nesta saborosa Expedição pelos caminhos da Mantiqueira.
Daremos sequência a esta viagem através dos Sabores de Minas pelo Território Gastronômico da Mantiqueira acompanhando o desenvolvimento dos pratos criados pelos chefs, divulgando o trabalho desses profissionais e como os restaurantes estão se preparando para o Festival. Vamos mostrar cada etapa deste importante evento da gastronomia e do turismo de Belo Horizonte.

Boa viagem! (Foto: Nereu Jr)

O Território Gastronômico da Mantiqueira

Foto: Nereu Jr

Para aqueles que ainda não conhecem este rico Território da Mantiqueira, ou ainda não o percorreram com objetivos sensoriais e gustativos do turismo gastronômico, apresento abaixo um breve resumo dos estudos e pesquisas que, nos últimos 20 anos, nortearam os trabalhos de mapeamento do Estado de Minas Gerais sob a ótica da gastronomia.

Com avaliações históricas e culturais, além dos estudos das interferências físicas de clima, vegetação e relevo na produção de alimentos em cada comunidade ou município e, por fim, numa análise das características específicas das localidades em cada etapa da cadeia produtiva, do cultivo ao consumo, como definidores das Identidades Regionais e formando, assim, os contornos dos Territórios Gastronômicos mineiros.

O Território Gastronômico da Mantiqueira está demarcado numa região de montanhas, emoldurando o grande lago de Furnas, e compõe-se por 8 sub-territórios: Sul-Sudoeste, Lagos, Centro-sul,  Sul-Suíça, Montanhas do Leste, Doces Montanhas, Ibitipoca e Mata Brejaúba. Trata-se do Território com o maior número de municípios (343 dos 853 do Estado) e o segundo mais diverso, cujo nome é definido pela cadeia de montanhas conhecida como Serra da Mantiqueira, que lhe confere características bem definidas de clima temperado a frio, vegetação em sua maioria composta pela Mata Atlântica e terras muito férteis, seja nas partes altas ou nas suas encostas e vales.

Tem como principais produtos os cafés mais valorizados do planeta e as águas minerais mais famosas do país: Caxambu, Cambuquira e São Lourenço.

São destaques também os peixes (especialmente de águas frias, como as trutas), os queijos finos, os azeites de oliva, as cervejas artesanais, os vinhos e os produtos originados da Mata Atlântica.

Como marcas culturais na gastronomia, destacam-se parte da Estrada Real (Caminho Velho) e suas influências ao longo da história da colonização do país e, mais recentemente, as imigrações europeias.
Principais Municípios: Juiz de Fora, São João del Rey, Tiradentes, Varginha, Poços de Caldas, São Lourenço, Viçosa, Lavras, Pouso Alegre, São Lourenço, Itajubá, Três Corações. 

Principais atrações gastronômicas: Mercado de Poços de Caldas, Termas de São Lourenço e Caxambu, visitas guiadas aos melhores cafés especiais do mundo e outros produtos de toda a região, Festivais Gastronômicos de Caxambu, Tiradentes, São Lourenço, Cristina, Gonçalves, Monte Verde, Ibitipoca, Muriaé, e de várias outras cidades do Território, produções de vinhos, cachaças, azeites, queijos artesanais e queijos finos, trutas, cervejas artesanais e outros produtos originados da Mata Atlântica.

Principais produtos primários: Leite, carnes bovina e suína, peixes (trutas das terras altas e peixes de represas, rios e criatórios), frutos e castanhas da Mata Atlântica, como pinhões, jaca e palmito de brejaúba, além de produtos cultivados, como azeitonas, cafés, bananas, frutas vermelhas, morangos orgânicos de Alfredo de Vasconcelos e de Delfim Moreira, cogumelos de Carrancas, dentre outros.

Principais produtos transformados: Queijos Minas Artesanais certificados das Vertentes, Queijos do Reino e requeijões da Zona da Mata e São Lourenço, queijos finos de Cruzília, Soledade, Alagoa, Aiuruoca, São Lourenço, Bueno Brandão, Lavras, São Vicente, Minduri, Andrelândia e região, azeites de oliva de Maria da Fé, Baependi, Delfim Moreira, Cristina, Aiuruoca, e outras cidades, queijos de cabras e ovelhas de Soledade de Minas, doces de São Lourenço, de Tebas (Distrito de Leopoldina), Poços de Caldas, Carmo do Rio Claro, Marmelópolis, Viçosa, Ubá, Ponte Nova, vinhos de Andradas, Três Corações, Três Pontas, Cordislândia, cachaças, cervejas artesanais de Juiz de Fora, Caxambu, Brasópolis, Capitólio, Delfim Moreira, Itajubá, Tiradentes, etc, pé-de-moleque de Piranguinho, Queijo Parmesão de Alagoa e da certificação Terras Altas da Mantiqueira, queijos artesanais das serras de Ibitipoca, farinhas de Paraguaçu, fubá branco de Barbacena, quitandas diversas, rocamboles de Lagoa Dourada, pão de canela de Ibitipoca, biscoitos de São Tiago, os patrimônios imateriais de Santa Rita do Sapucaí, Pasta Flora e Pão Cheio, carnes de Lata, embutidos de carne suína, pasteis de milho de Pouso Alegre e região, pamonhas de Alfenas e região.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Portal UAI.

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