Conheça uma deliciosa versão do Pato ao Tucupi, iguaria famosa da gastronomia amazônica, apresentada pelo Chef Maycon de Canaã dos Carajás para o Territórios Gastronômicos.
O Samba enredo FESTA DO CÍRIO DE NAZARÉ de 1975 da G. R. E. S. ESTÁCIO DE SÁ (RJ) apresentava aos quatro cantos do Brasil os ritos e costumes de uma das maiores procissões religiosas do país: “No mês de outubro, em Belém do Pará, São dias de alegria e muita fé, começa com intensa romaria matinal, o Círio de Nazaré… tem pato no tucupí, muçuã e tacacá, Maniçoba e tucumã, Açaí e aluá…”.
E o pato no tucupí não pode faltar na mesa dos paraenses no segundo domingo do mês de outubro, como uma forma de agradecer e comemorar mais uma possibilidade de reunião familiar. O período de maiores vendas anual dessa ave acontece na semana que antecede o Círio de Nossa Senhora de Nazaré, o comércio e feiras livres são abastecidos pelos pequenos produtores ou ribeirinhos que esvaziam as suas granjas nesse período em prol da produção desse prato tão marcante na gastronomia paraense/nortista.
E por que não brincar com sabores, cores e texturas?
Neste sentindo, foi proposto um pato no tucupí na versão de Risoto, prato tão marcante na alta gastronomia mundial. Reproduzir as origens amazônicas de forma não convencional traz a possibilidade de colocar ainda mais a Amazônia no centro da gastronomia mundial, com cores, sabores e texturas ímpares e tão peculiares dos insumos que cá estão tão presentes até os dias atuais.
Risoto de Pato ao Tucupi
Por: Chef Maycon Araújo – Canaã dos Carajás
INGREDIENTES: (Para 4 pessoas)
2 kg de carne de pato fresco com osso e pele;
4 litros de tucupí;
2 maços de jambú;
500 g de arroz arbóreo;
200 g de Muçarela de búfala ralada;
100 g de Manteiga com sal;
50 ml de vinho branco seco;
4 litros d’água;
1 cebola grande em brunoise;
4 dentes de alho em ciseler;
1 cenoura grande em brunoise;
4 folhas de louro;
4 folhas de chicória;
Pimenta de cheiro q.b;
Grãos de pimenta do reino q.b;
Açúcar q.b;
Sal e Pimenta q.b;
MODO DE PREPARO:
Retire completamente a pele do peito do pato e reserve. Corte a ave em pedaços menores e lave-os em água corrente e reserve. Em uma panela de pressão, aqueça um fio de azeite e refogue a cebola, o alho, a cenoura, duas folhas de louro e alguns grãos de pimenta do reino. Posteriormente adicione o pato e refogue também, cubra com água e deixe na pressão por aproximadamente 30 minutos ou até que a carne do pato esteja soltando do osso. Retire a carne do pato da panela, desfie-a e reserve, volte o caldo ao fogo para reduzir e encorpar.
Numa caçarola com água fervente, adicione as folhas e talos de jambú e retire imediatamente (aprox. 10 segundos) e faça um choque térmico num bowl com água gelada e reserve. Em outra caçarola, aqueça o tucupí com um pouco de cebola, alho e chicória, controle o nível de acidez com um pouco de sal e açúcar e reserve.
Aqueça um sautese antiaderente com um fio de azeite e frite as peles, temperadas com sal e pimenta a gosto, até ficarem bem douradas e reserve-as em papel toalha. Aqueça o azeite em uma panela com fundo triplo e adicione o restante da cebola e deixe suar, adicione o arroz e refogue-o. Com o vinho branco deglaceie o fundo da panela e comece a adicionar uma concha por vez de caldo de pato e outra de tucupi até atingir a textura ideal do arroz (aprox. 15 minutos). Finalize o risoto adicionando a carne de pato, uma parte das folhas de jambú, a muçarela de búfala ralada e a manteiga, deligue o fogo e mexa bem até incorporar todos os ingredientes. Acerte o sal e a pimenta e sirva quente.
Para o empratamento, pode-se fazer uma cama com o restante do jambú, dispor o risoto por cima e o bacon de pato. Como de costume local, é um prato que se come apimentado, logo, pode ser servido um shot de tucupí quente com uma pimenta de cheiro amassada, dando a liberdade ao comensal de finalizar o prato com desejar.
** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Portal UAI.