Sorveteria São Domingos é um dos pontos mais tradicionais de Belo Horizonte e completa nove décadas de existência em 2019.
Por Augusto Albertini
Manter um comércio por 90 anos é o objetivo que todo empreendedor quer alcançar quando está entrando no mercado. De fato, não é nada fácil alcançar este feito, especialmente quando se mantém apenas uma unidade durante quase um século de funcionamento, como é o caso da Sorveteria São Domingos, localizada na Avenida Getúlio Vargas, no bairro da Savassi, em Belo Horizonte.
Não há quem conheça bem a região centro-sul de Belo Horizonte e nunca tenha tomado um daqueles sorvetes, ou não tenha ao menos ouvido falar da sorveteria São Domingos. De fato, o lugar faz parte da memória coletiva do município e é impossível falar de como surgiu a loja sem contar a história da capital mineira.
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A história da Savassi e a São Domingos
O próprio nome da sorveteria carrega uma curiosidade sobre a região da Savassi. “Eu peguei o contrato social da sorveteria de 1972 e meu pai colocou o nome “São Domingos” como nome fantasia, e isso sempre me despertou curiosidade. Há 12 anos, eu tive acesso a uma planta muito antiga de Belo Horizonte, e lá estava escrito: Bairro São Domingos”. Quem conta esta história é Domingos Montenegro, que desde 1979 é encarregado de administrar o negócio criado por seu pai, que faleceu naquele mesmo ano.
Domingos Dias da Silva foi a mente pioneira por trás da sorveteria. Em 1929, quando ele inaugurou o negócio, o sorvete ainda não era uma sobremesa consagrada, aliás, é possível que algumas pessoas sequer soubessem o que era isto. A loja foi uma aposta, e acabou dando certo.
A primeira unidade funcionou na Rua da Bahia, próximo ao centro da cidade, e em 1934 se estabilizou no local onde está até hoje. Durante todos esses anos, o local foi frequentado por fregueses ilustres, como: Juscelino Kubitschek, Milton Nascimento, Fernando Brant, Fernando Sabino, Roberto Drumond, Débora Falabella, Priscila Fantin, Samuel Rosa e Haroldo Ferretti da banda Skank e, mais recententemente, pelo músico e compositor Lulu Santos.
Durante muito tempo, o local foi um dos poucos pontos da cidade a vender o tão cobiçado sorvete, o que acabou gerando a fama da São Domingos.
Novos tempos na sorveteria
Noventa anos após a inauguração da loja, o sorvete não é mais uma raridade como era em 1929. O comércio deste produto cresceu nesse meio tempo de maneira avassaladora, Belo Horizonte se tornou uma metrópole e, atualmente, o público que frequenta sorveterias possui opções de todos os tipos à disposição. “Diminuiu (o número de clientes) em relação ao que era antigamente. Naquele tempo havia quatro ou cinco sorveterias, hoje existem centenas”, conta Domingos. “Hoje o trânsito de sábado e domingo é o mesmo do resto da semana. O cara não vai gastar uma hora para sair da zona norte para tomar um sorvete”, afirma.
No entanto, mesmo estando rodeado de shoppings centers, redes de fast food e gelaterias italianas, a sorveteria São Domingos ainda se mantém, e não é graças somente à sua história, mas também ao produto que continua agradando o gosto de vários fregueses.
Os sabores que continuam conquistando
Atualmente a São Domingos conta com cerca de 200 sabores. 50 deles ficam disponíveis na loja e, à medida que o ano passa, eles vão sofrendo rotatividade.
De acordo com Domingos, o sabor mais consumido é o de chocolate africano, que possui um gosto um pouco mais intenso. No entanto, o proprietário destaca a qualidade dos sorvetes de manga, jabuticaba, acerola, framboesa, jaca maracujá e amendoim que, na opinião dele, são opções que se destacam em relação às preparadas pelos concorrentes.
Alguns sorvetes de fruta são feitos a partir de ingredientes colhidos na fazenda de Domingos e o resultado já agradou inclusive os concorrentes, que foram pessoalmente elogiar o trabalho da sorveteria.
Além disso, os sorvetes da São Domingos ainda são feitos de maneira rudimentar, com um processo muito semelhante ao que era feito cerca de 40 anos atrás.
O segredo do sucesso
Ao longo dos seus noventa anos, a São Domingos já protagonizou histórias como a de um cliente que encomendou um sorvete para a namorada em Foz do Iguaçu (PR), e também há o caso de outra freguesa que encomendou uma quantidade muito alta para servir em seu aniversário em um município do sul de Minas Gerais.
Embora o perfil de clientes tenha mudado ao longo do ano, um estabelecimento que possui tradição cria vínculos profundos com seus consumidores, e isto é uma vantagem de estar há muitos anos no mercado.
Há quem diga que a gastronomia mineira se destaca pelo afeto na cozinha, e Domingos garante que com os sorvetes não pode ser diferente.
(Foto de Capa: Reprodução / Instagram)
Augusto Albertini
Jornalista e colaborador do Territórios Gastronômicos
** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Portal UAI.
O sorvete é gostoso muito gostoso mas o preço Realmente é muito alto também
Fui lá uma vez apenas… tem uns 20 anos. O sorvete não é ruim, mas demais mesmo só achei o preço!